A gigante de tecnologia Google ocupa um espaço onipresente no nosso cotidiano: domina a busca na web, produz o navegador mais usado, comanda o ecossistema Android, organiza rotinas com Gmail, Drive e Workspace, distribui vídeos no YouTube, guia trajetos no Maps, traduz idiomas no Translate, armazena memórias no Photos, investe pesado em IA generativa com o Gemini e ainda opera linhas de hardware como Pixel e Nest. É um portfólio vasto, que se expande e se reinventa a cada ciclo.
Ao mesmo tempo em que muitas ferramentas são lançadas, outras tantas são descontinuadas. Casos emblemáticos incluem Google Reader, Inbox by Gmail, Stadia, Google Podcasts, Picasa, Google+, Hangouts e iGoogle — serviços úteis e, em vários casos, queridos por comunidades inteiras, mas ainda assim encerrados quando saíram do eixo estratégico da companhia. Diante desse histórico, estaria o Google Scholar livre do risco de ser simplesmente desligado?
É exatamente essa inquietação que move a tese de Hannah Shelley, coordenadora da biblioteca da Australian Catholic University (ACU), em “Google Scholar Is Doomed” ("O Google Acadêmico está condenado", tradução livre): a academia passou a depender criticamente de um serviço gratuito, sem garantias públicas de continuidade, que concentra perfis, citações e métricas usadas em avaliações e visibilidade científica. A questão, portanto, não é prever o dia do fim, mas encarar a vulnerabilidade estrutural criada por essa dependência e discutir como reduzir riscos antes que uma decisão corporativa torne o problema incontornável.
Shelley organiza seu argumento em três frentes: o passado de “cemitério de produtos” da Google, a ausência de um modelo de negócios claro para o Scholar e a competição assimétrica com ferramentas de IA que oferecem síntese, descoberta e explicação — justamente aquilo que, para estudantes e muitos pesquisadores, resolve “o trabalho” com menos atrito. Quando somados, esses vetores desenham um cenário de risco sistêmico: dependência extrema de um serviço gratuito, sem compromisso público de continuidade, em um momento de reorientação estratégica rumo a produtos impulsionados por IA.
O “Google Graveyard” lista centenas de apps, serviços e dispositivos aposentados — inclusive produtos com bases fiéis, como Google Reader e Google Podcasts. A mensagem implícita é simples: utilidade social e adoção não blindam nada do corte se não houver alinhamento estratégico. Transferido para o contexto acadêmico, o recado é incômodo: se até linhas maduras foram encerradas, por que o Scholar — que não veicula anúncios nem cobra — seria estruturalmente seguro?
A peça central do raciocínio está na economia política do produto. Scholar não monetiza diretamente; ao mesmo tempo, vive dentro de uma empresa cujo core são receitas publicitárias em busca geral — um território que, nos últimos anos, sofre com degradação de qualidade percebida e com o ruído causado por conteúdos gerados por IA. Em 2024, a participação global do Google caiu abaixo de 90% por três meses seguidos, e sua funcionalidade AI Overviews virou alvo de acusações de amplificar spam. Esses sinais importam porque, numa organização orientada a prioridades bilionárias, um serviço “centro de custo” de nicho fica mais vulnerável.
Shelley observa que quem trabalha sob deadline tende a optar pelo caminho mais simples: ferramentas de IA que buscam, organizam, sugerem leitura correlata e explicam. Isso desloca valor da busca acadêmica tradicional para experiências conversacionais. Some-se a tendência de jovens usarem redes como TikTok como mecanismo de busca e o Scholar deixa de ser a barreira competitiva que já foi. O argumento não é que a IA entregue rigor; é que ela entrega “suficiente” para muitos fluxos cotidianos — e isso basta para capturar uso e atenção.
Não é só teoria: quando a Microsoft encerrou o Microsoft Academic (e seu dataset aberto) em 2021, o ecossistema sentiu o abalo. OpenAlex e The Lens surgiram como substitutos, mas especialistas estimaram anos até atingir cobertura e qualidade comparáveis. Ferramentas comerciais e acadêmicas quebraram integrações; workflows foram reescritos às pressas. Se o “segundo maior” motor acadêmico pôde sumir, por que o maior — mantido por uma empresa privada, sem contrato com a academia — não poderia?
Shelley admite: há razões para o Scholar persistir. Universidades e agências tornaram invisível o pesquisador sem perfil, citações e indicadores que o Scholar facilita; isso empurra a comunidade para dentro do ecossistema Google e, por extensão, para suas políticas de coleta e processamento de dados. Nessa chave, o Scholar não é só serviço: é ativo estratégico de marca, dados e controle de fluxos informacionais no campo científico — um exemplo do “plataformismo” que coordena a economia acadêmica via contagem de citações.
Em 2024, a Google celebrou os 20 anos do Scholar com posts e pequenos incrementos — como o Outline com IA no PDF Reader —, mas sem anunciar compromissos públicos de financiamento ou governança de longo prazo. Ao mesmo tempo, manteve a rotina anual do Scholar Metrics. São sinais de vida, não de perenidade contratual. A provocação de Shelley, então, é política: devemos depender estruturalmente de um serviço que pode desaparecer por decisão unilateral?
A autora arrisca uma previsão: em até cinco anos, o Scholar poderia ser descontinuado com 12 meses de aviso. Mesmo que não se concretize, o exercício é útil para testarmos a resiliência do sistema. O que acontece com avaliações, editais, relatórios CAPES/CNPq, guias de periódicos, páginas de docentes e repositórios quando milhões de links, perfis e métricas — hoje automatizados via Scholar — deixam de existir? Basta lembrar do que ocorreu após o fim do Microsoft Academic para calcular o tamanho do atrito.
A força do texto de Shelley está menos na profecia e mais no convite à responsabilidade institucional.
Para editores:
Para pesquisadores e PPGs:
Para bibliotecas:
Nada disso exige abandonar o Scholar amanhã; exige, sim, parar de tratá-lo como infraestrutura pública garantida.
Shelley cutuca uma ferida: confundimos “comodidade” com “compromisso público”. O Scholar é extraordinário como serviço de acesso e visibilidade, mas sua centralidade virou risco sistêmico. A pergunta que cabe à comunidade de publicação científica é menos “o Google vai matar o Scholar?” e mais “que garantias queremos — e como as construiremos — para que a comunicação científica não dependa da boa vontade de uma plataforma?” Preparar alternativas, estabelecer mínimos de governança e reduzir acoplamentos agora é o caminho para que, aconteça o que acontecer, a ciência siga encontrável, auditável e avaliada de modo plural.
Hannah Shelley é bibliotecária e Coordenadora de Biblioteca (Blacktown) na Australian Catholic University desde 2023, em Dharug Country, Sydney. Tem mestrado em Information Studies (Charles Sturt University) e escreve sobre interseções entre informação, tecnologia e bem-estar humano, com trabalhos e apresentações na área de serviços de pesquisa e desenho de experiências. Mantém um site autoral que espelha seus valores de acessibilidade, foco no usuário e independência digital.
Fonte: Hannah's website
Este texto foi produzido com auxílio de Inteligência Artificial.
Em 22 de julho de 2025, o blog oficial do Google Scholar anunciou o lançamento da versão 2025 dos Scholar Metrics, que contempla o período de publicações entre 2020 e 2024 e inclui citações contabilizadas até julho de 2025.
Os Scholar Metrics são indicadores oferecidos pelo Google para ajudar autores, editores e gestores acadêmicos a avaliar rapidamente a visibilidade e influência das publicações científicas.
Nesta nova versão:
Para cada publicação listada, é possível visualizar os “top papers” (artigos destacados) por meio do índice h5 (ou h-index nos últimos 5 anos) e métricas complementares, como h-média.
Fonte: Google Scholar Blog
Crossref e PKP anunciaram, em 22 de setembro de 2025, uma nova fase de parceria para fortalecer a qualidade e a inclusão dos metadados na comunicação científica. O acordo foca a evolução de ferramentas, maior interoperabilidade e ações de engajamento comunitário para ampliar a participação global no “research nexus” da Crossref.
O plano tem três frentes: aprimorar os fluxos de registro de metadados no OJS, consolidando funcionalidades no plug-in Crossref; desenvolver um plug-in Crossref para o OMP; e apoiar a transição dos usuários para a futura versão LTS do OJS — com recursos do OJS 3.5 que habilitam registros mais ricos.
A iniciativa inclui ainda um curso autoguiado na PKP School para administradores de sistema. O anúncio destaca que milhares de membros da Crossref usam OJS, muitos em instituições com recursos limitados, o que torna o treinamento e a integração simplificada peças-chave para ampliar a visibilidade e a descoberta de pesquisa em escala global.
O Research Nexus é a visão da Crossref de uma rede aberta, rica e reutilizável de relações que conecta organizações, pessoas, objetos e ações de pesquisa — algo que a comunidade global possa construir e usar para sempre, em benefício da sociedade. O ponto central não é só ter identificadores persistentes (como DOIs), mas tornar explícitas as relações e o contexto entre artigos, preprints, dados, software, financiamentos, afiliações, contribuições, versões, correções e muito mais. A base desse ecossistema são metadados de alta qualidade depositados na Crossref.
Essas relações elevam integridade (proveniência, quem financiou, quem contribuiu, se houve atualização ou retratação), reprodutibilidade (ligando literatura a dados, código e protocolos), relato e avaliação (rastreando resultados de investimentos) e descoberta (mais visibilidade via metadados ricos, como resumos e referências). Hoje, relacionamentos como versões, traduções, dados, suplementos e componentes podem ser registrados sem cobrança adicional, e, no momento, são estabelecidos via depósito direto de XML seguindo as boas práticas e guias de marcação da Crossref.
Jovens pesquisadores estão ganhando protagonismo na avaliação de preprints em biologia com o preLights, rede comunitária criada em 2018 pela The Company of Biologists e destacada por Jordan F. Sampar e Lilian N. Calò, no SciELO em Perspectiva em 10 de setembro de 2025.
O projeto organiza um coletivo global de “preLighters” — majoritariamente doutorandos (48%) e pós-docs (46%) — que seleciona manuscritos recém-depositados, preferencialmente com até três meses de postagem, sobretudo no bioRxiv.
Cada preLight apresenta um resumo acessível dos principais achados, ressalta contribuições e limitações e formula perguntas aos autores, incentivando respostas públicas que podem ser incorporadas ao registro do preprint.
Segundo apuração dos colunistas, estimativas indicam que cerca de 70% dos manuscritos do bioRxiv chegam a periódicos em até dois anos e que 38% recebem ao menos um comentário.
Ao apoiar o preLights, a The Company of Biologists — editora sem fins lucrativos de títulos como Development e Journal of Cell Science — busca fortalecer práticas de avaliação pós-publicação, dar visibilidade a resultados emergentes e treinar a próxima geração de cientistas em leitura crítica e comunicação científica.
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Atualizado em junho de 2022
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